segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Quando a pauta é favela, a violência esta na mira da imprensa

Assentamento Capadócia - Foto: Kalyne Lima

Acompanhando os noticiários, uma inquietação surgiu. Em que áreas da cidade moram os repórteres, editores e chefes de redação? Só não é em favelas.
É constrangedor ver a cobertura jornalística pautar o crime como único acontecimento relevante das áreas pobres.O velho buraco que atrapalha o trânsito ou a escolinha de futebol que atende dezenas de crianças graças ao trabalho voluntário de Seu Pereira pouca atenção recebem da mídia, porém, o traficante preso esta bem na mira dos holofotes da imprensa.
Observemos: acontecem dois crimes de homicídio, um num quarto de hotel cinco estrelas em Tambaú, o outro defronte a um boteco na Favela do Arame. No caso da favela, uma rápida passagem com a fala do policial especulando a possibilidade de se tratar de acerto de contas com o tráfico; já para o outro homicídio, os familiares, antecedentes, apuração policial, advogados, testemunhas e tudo mais servirá de subsídio para o acompanhamento do caso.
A reflexão começou sobre onde moram esses profissionais da imprensa que servem de porta vozes da sociedade. Esse questionamento surge na busca de compreender o tratamento que é dado pelas empresas de comunicação nas coberturas jornalísticas das áreas mais pobres.
A violência cresce no Brasil, os motivos são os mais complexos, a imprensa é um elemento extremamente relevante na formação da nossa sociedade, mas talvez o distanciamento desses profissionais da realidade cotidiana da grande maioria da população contribua para essa negligência jornalística.
Mas, perceba, não é preciso morar numa favela para fazer um jornalismo mais amplo e inclusivo. No entanto, se houvesse nas redações maior diversidade de profissionais, é provável que nossa imprensa se tornasse menos violenta com as classes mais pobres. (Kalyne Lima)

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