Por Kalyne
Lima
Há muito se ouve falar de assédio sexual.Essa violência abala a vida não só da vítima, mas de sua família e amigos. Mas existe outro tipo de assédio que é recorrente nas relações de poder. Trata-se do assédio moral, do patrão contra o funcionário, do professor contra o aluno, enfim, do que se coloca em situação de superioridade contra o vulnerável.
Em alguns casos, o dano pelo
assédio moral bloqueia a vítima, desestruturando-a emocionalmente, chegando a
traumatizá-la e até convencê-la a se anular em seus ideais e convicções, e é um
mal que deixa sequelas terríveis.
Para o profissional, deixar-se
humilhar é aceitar transformar-se num ser sem valor para a sociedade; para o
estudante, é engessar o seu potencial e impedir o desenvolvimento pleno de suas
habilidades, entregando-se ao tão popular“só quero que esse curso acabe”.
É uma linha tênue, a sutileza do
assédio moral dificulta provas, mas inquieta muitos pesquisadores, dado o grande
número de trabalhos acadêmicos acerca do tema.
E o assédio moral não se dá
apenas no campo individual.O Sindicato dos Empregados e Agentes Autônomos do
Comércio de São José dos Campos publicou um artigo em sua página
sobre o assédio a grupos.O estímulo à rivalidade, o tratamento diferenciado
dos funcionários, concedendo vantagens a um grupo específico e excluindo outro
estaria caracterizado como assédio.
Já no campo acadêmico, o
professor Henrique Carivaldo de Miranda Neto, autor da dissertação de mestrado Assédio Moral: Constrangimento e humilhação em
Instituições de Ensino Superior,
afirma que o assédio se dá através de ameaças, acusação sem provas, comentários
depreciativos, rebaixamento da capacidade cognitiva dos alunos e promoção de
privilégios a alguns e não a todos, como benefícios de frequência e correções.
O objetivo do assediador seria
promover a desistência do funcionário ou do estudante. Nas relações profissionais,
o assédio é exposto na degradação deliberada das condições de trabalho.Já na
área da educação, a partir de ameaças sobre dificultar a conclusão dos estudos
do aluno, recusar-se à correção de trabalhos, tornar os conteúdos mais difíceis
que o necessário e criar estratégias de ensino com pedagogia duvidosa.
Também é recorrente nas relações
de trabalho, a humilhação repetitiva e de longa duração, enquanto que na
relação acadêmica, a recusa em esclarecer uma dúvida alegando que a explicação
já foi dada ou que a pergunta é desnecessária.
O
fato é que esse mal atinge muita gente no Brasil.O local de trabalho que tanto
dignifica o cidadão, assim como as escolas e universidades o preparam para um mundo
adulto e profissional, são espaços que se tornam eventualmente desvirtuados
pela conduta de péssimos profissionais. Nas relações sociais, devemos prezar
pelo crescimento do outro, para que, dessa forma, construamos coletivamente um
mundo melhor. Degradar, subjugar, ameaçar, humilhar e intimidar não condiz com
as práticas de um cidadão consciente do seu papel no mundo.
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