Por Manoel Holanda
No último dia 23,
assaltantes fortemente armados explodiram um posto de autoatendimento da Caixa
Econômica Federal no Bessa Shopping, aqui em João Pessoa. A ação dos bandidos
foi gravada por moradores das proximidades. Segundo o relato de testemunhas, a
polícia só apareceu no local após o ocorrido. Essa postura acabou gerando
muitas polêmicas a respeito da questão da segurança pública na capital
paraibana.
No dia seguinte ao
ocorrido, a PM informou que estava com equipes no local, mas aguardando o apoio
da Polícia Civil. A Polícia Militar também comunicou que a ação dos bandidos
passou a ser comandada também pela Polícia Federal. O capitão Antônio Filho,
comandante do 1º Distrito Integrado de Segurança Pública, afirmou que a postura
dos policiais na ação foi correta, pois eles estavam em desvantagem numérica e
um confronto desigual poderia terminar em tragédia.
O Ministério Público
da Paraíba informou que está apurando o caso para averiguar os fatos e chegar a
uma conclusão sobre a ação da polícia. Para aumentar ainda mais a polêmica, o
coronel Euller Chaves, do Comando Geral da Polícia Militar da Paraíba, informou
em entrevistas às Rádios Arapuan e Correio que os policiais que estavam de
plantão na madrugada da explosão foram orientados a não enfrentar os bandidos.
Mas o comandante também destacou que isso não significa que a corporação tenha
sido covarde diante do poder dos assaltantes. Segundo ele, a ordem dada foi
prudente, e responsável, pois evitou que vidas humanas fossem colocadas em
perigo.
Rapidamente, a
declaração do comandante gerou diversas respostas de autoridades públicas do
estado da Paraíba. Foi o caso do deputado federal Pedro Cunha Lima, que
aproveitou a ocasião para fazer críticas ao governador e cobrou mais
investimentos na segurança.
“Na Paraíba, bandido
virou autoridade. Precisamos de ações concretas para combater explosões de
banco. A polícia precisa de estrutura para enfrentar os bandidos”.
O deputado continuou:
“Qual será o argumento desrespeitoso que terá o governador diante de mais uma
cena dessas? O pior é que Ricardo Coutinho continua faltando com a verdade,
dizendo que está tudo bem, fugindo de sua responsabilidade. Bandido virou
autoridade na Paraíba. Ninguém aguenta mais”.
O governador Ricardo
Coutinho também respondeu às críticas que foram direcionadas à sua gestão. Em
entrevista a um programa semanal que ele participa, na rádio Tabajara, afirmou
que a responsabilidade pela segurança dos bancos deve ser garantida pelas
instituições financeiras. O governador também destacou que defende por inteiro
a ação da Polícia Militar, pois evitou confronto com o grupo armado para que
não houvesse mortes. Por fim, anunciou reunião com a Assembleia Legislativa da
Paraíba para poder discutir a questão da segurança dos bancos.
Em uma rede social,
Genésio Vieira, chefe do Núcleo de Comunicação Social da Polícia Rodoviária
Federal, também defendeu os policiais, e fez duras críticas ao Ministério
Público e aos bancos da capital. Para Genésio, a falta de segurança nas
agências bancárias é responsabilidade privada, e não da polícia. Ele também
afirma que os bancos é que devem tomar medidas de segurança, para proteger o
dinheiro, os clientes, e o próprio patrimônio.
Genésio ainda destaca
que lhe surpreende a facilidade como os bandidos conseguem a dinamite, pois
esse tipo de explosivo é rigorosamente monitorado pelo Serviço de Fiscalização
de Produtos Controlados, do Exército Brasileiro. Genésio continua, e dispara
contra o Ministério Público: “Ouvi também que o Ministério Público vai investigar
o caso. Vai investigar o quê? Vai investigar se houve negligência da Polícia
Militar? Já sei! Foi no Bessa, muita gente viu e colocou nas redes sociais,
repercutiu na imprensa, então tem-se que achar um culpado. Será isso? Alguém
sabe dizer se o Ministério Público também vai investigar os outros 377 crimes
que ocorreram entre os anos de 2013 e 2015 envolvendo agências bancárias no
estado da Paraíba?”.
No último dia 26, a
Polícia Federal publicou nota informando que já iniciou o cruzamento dos dados
para identificar os criminosos envolvidos na explosão. Ainda segundo o delegado
federal de Crime Organizado, Roan Aguiar, os bandidos que participaram da ação
eram “profissionais do crime”, e a explosão foi uma ação orquestrada e bem
organizada.
O Bessa Shopping
também publicou uma nota onde lamenta o acontecido e lembrou que no mês
anterior a agência do Banco do Brasil localizada no mesmo shopping também foi
vítima da ação dos bandidos. O estabelecimento também destacou o número
alarmante de 45 explosões deste tipo aqui na Paraíba somente este ano. O bairro
do Bessa é considerado área nobre da capital paraibana, mas nos últimos anos
vem sofrendo com a insegurança que atormenta a população e os comerciantes
daquela região.
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