domingo, 31 de julho de 2016

Atitude da polícia no caso do Bessa gera polêmica.

Descrição para cegos: imagem é formada por duas fotos que mostram os destroços da agência atacada, com a área demarcada por fitas de listas verticais amarelas e pretas. Em ambas aparece a porta e o letreiro com a palavra CAIXA parcialmente destruídos. Na foto da direita, vê-se parte do mecanismo de um caixa eletrônico que parece ter sido atirado no meio da avenida pela explosão

Por Manoel Holanda


No último dia 23, assaltantes fortemente armados explodiram um posto de autoatendimento da Caixa Econômica Federal no Bessa Shopping, aqui em João Pessoa. A ação dos bandidos foi gravada por moradores das proximidades. Segundo o relato de testemunhas, a polícia só apareceu no local após o ocorrido. Essa postura acabou gerando muitas polêmicas a respeito da questão da segurança pública na capital paraibana.
No dia seguinte ao ocorrido, a PM informou que estava com equipes no local, mas aguardando o apoio da Polícia Civil. A Polícia Militar também comunicou que a ação dos bandidos passou a ser comandada também pela Polícia Federal. O capitão Antônio Filho, comandante do 1º Distrito Integrado de Segurança Pública, afirmou que a postura dos policiais na ação foi correta, pois eles estavam em desvantagem numérica e um confronto desigual poderia terminar em tragédia.


O Ministério Público da Paraíba informou que está apurando o caso para averiguar os fatos e chegar a uma conclusão sobre a ação da polícia. Para aumentar ainda mais a polêmica, o coronel Euller Chaves, do Comando Geral da Polícia Militar da Paraíba, informou em entrevistas às Rádios Arapuan e Correio que os policiais que estavam de plantão na madrugada da explosão foram orientados a não enfrentar os bandidos. Mas o comandante também destacou que isso não significa que a corporação tenha sido covarde diante do poder dos assaltantes. Segundo ele, a ordem dada foi prudente, e responsável, pois evitou que vidas humanas fossem colocadas em perigo.
Rapidamente, a declaração do comandante gerou diversas respostas de autoridades públicas do estado da Paraíba. Foi o caso do deputado federal Pedro Cunha Lima, que aproveitou a ocasião para fazer críticas ao governador e cobrou mais investimentos na segurança.
“Na Paraíba, bandido virou autoridade. Precisamos de ações concretas para combater explosões de banco. A polícia precisa de estrutura para enfrentar os bandidos”.
O deputado continuou: “Qual será o argumento desrespeitoso que terá o governador diante de mais uma cena dessas? O pior é que Ricardo Coutinho continua faltando com a verdade, dizendo que está tudo bem, fugindo de sua responsabilidade. Bandido virou autoridade na Paraíba. Ninguém aguenta mais”.
O governador Ricardo Coutinho também respondeu às críticas que foram direcionadas à sua gestão. Em entrevista a um programa semanal que ele participa, na rádio Tabajara, afirmou que a responsabilidade pela segurança dos bancos deve ser garantida pelas instituições financeiras. O governador também destacou que defende por inteiro a ação da Polícia Militar, pois evitou confronto com o grupo armado para que não houvesse mortes. Por fim, anunciou reunião com a Assembleia Legislativa da Paraíba para poder discutir a questão da segurança dos bancos.
Em uma rede social, Genésio Vieira, chefe do Núcleo de Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal, também defendeu os policiais, e fez duras críticas ao Ministério Público e aos bancos da capital. Para Genésio, a falta de segurança nas agências bancárias é responsabilidade privada, e não da polícia. Ele também afirma que os bancos é que devem tomar medidas de segurança, para proteger o dinheiro, os clientes, e o próprio patrimônio.
Genésio ainda destaca que lhe surpreende a facilidade como os bandidos conseguem a dinamite, pois esse tipo de explosivo é rigorosamente monitorado pelo Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados, do Exército Brasileiro. Genésio continua, e dispara contra o Ministério Público: “Ouvi também que o Ministério Público vai investigar o caso. Vai investigar o quê? Vai investigar se houve negligência da Polícia Militar? Já sei! Foi no Bessa, muita gente viu e colocou nas redes sociais, repercutiu na imprensa, então tem-se que achar um culpado. Será isso? Alguém sabe dizer se o Ministério Público também vai investigar os outros 377 crimes que ocorreram entre os anos de 2013 e 2015 envolvendo agências bancárias no estado da Paraíba?”.
No último dia 26, a Polícia Federal publicou nota informando que já iniciou o cruzamento dos dados para identificar os criminosos envolvidos na explosão. Ainda segundo o delegado federal de Crime Organizado, Roan Aguiar, os bandidos que participaram da ação eram “profissionais do crime”, e a explosão foi uma ação orquestrada e bem organizada.
O Bessa Shopping também publicou uma nota onde lamenta o acontecido e lembrou que no mês anterior a agência do Banco do Brasil localizada no mesmo shopping também foi vítima da ação dos bandidos. O estabelecimento também destacou o número alarmante de 45 explosões deste tipo aqui na Paraíba somente este ano. O bairro do Bessa é considerado área nobre da capital paraibana, mas nos últimos anos vem sofrendo com a insegurança que atormenta a população e os comerciantes daquela região.



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