Por
João Diniz
Uma parte da imprensa brasileira contribui
para o clima de insegurança na sociedade com violações diárias a direitos
fundamentais do cidadão a partir de discursos de ódio e incitação à violência.
Mas agora a sociedade tem mais uma ferramenta para combater esta prática. A plataforma Mídia sem Violações de Direitos, desenvolvida
pelo coletivo Intervozes - organização que trabalha pela efetivação do direito
humano à comunicação no Brasil -, está pronta para receber denúncias de abusos
cometidos em programas televisivos na TV aberta.
Um grupo de organizações coordenado pela Andi monitorou, durante 30 dias, 28 programas policialescos veiculados pela televisão ou pelo rádio, em dez capitais brasileiras. O estudo indica um total de 4.500 violações de direitos e 15.761 infrações a leis brasileiras e a acordos multilaterais ratificados pelo Brasil. Entre as normas violadas estão a Constituição Federal, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Código Civil.
A plataforma virtual está focada nas
violações cometidas na TV aberta, que representam 77% do total, devido ao seu
papel central na comunicação do país.
“Após verificarmos e dimensionarmos
essa realidade, ficou nítida a necessidade de dar continuidade à análise desses
programas, sensibilizar a sociedade para os graves impactos deles e pressionar
para que os órgãos responsáveis pela fiscalização dos meios de comunicação e
pela garantia de direitos atuem. Diante da ausência de campanhas oficiais que
convidem a sociedade a avaliar os conteúdos midiáticos, surgiu, então, a ideia
de usar a Internet para receber e encaminhar denúncias”, explica a coordenadora
da Plataforma Mídia sem Violações de Direitos, Helena Martins.
Desde o lançamento da plataforma, já
foram registradas mais de 1.400 denúncias de violações de direitos. Os
programas mais denunciados pela sociedade até o fechamento desta matéria são: Cidade Alerta, da TV Record, com 358
violações; Brasil Urgente, da TV
Bandeirantes, com 235 violações e, em 3° lugar, o Ronda Geral, da afiliada da Band em Pernambuco, com 158 violações.
Para
denunciar violações como, por exemplo, incitação ao crime/violência, exposição
indevida de pessoas e famílias, discurso de ódio e preconceito, basta acessar o
site que hospeda a Plataforma e preencher um formulário. As
denúncias recebidas são enviadas para um grupo de avaliação e, se confirmadas,
serão lançadas na ferramenta. O anonimato é garantido.
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